6 - PAS 3 - Contos 'Desenredo' e 'Não as matem'
A partir das duas obras do PAS cujos títulos estão registrados acima, gostaria de propor a você um diálogo entre os duas leituras. Nesse sentido, não irei propor uma possibilidade dessa relação, mas, sim, sugerir que você leia as duas narrativas, encontre pontos de intertextualidade e de atualidade e enxergue o quão atuais são, ainda que tenham sido escritos há 50 e 110 anos - aproximadamente.
No link abaixo, você encontra as duas publicações, sendo que Desenredo está logo no início (página 3 impressa) e Não as matem está no final (página 23 impressa) do arquivo.
- link direto para as obras literárias PAS 3 / 2025 https://drive.google.com/file/d/1pBDfQPLlT6zstDKRRi54l68JF8e1sVB4/view
Sobre as obras.
Desenredo é conto da autoria de Guimarães Rosa (1908-1967), autor modernista da terceira geração. Pertencente à obra Tutameia (Terceiras estórias) - 1967 - , a narrativa gira em torno dos casos amorosos vividos pelo protagonista Jó Joaquim.
A maior dificuldade na leitura será o estilo Roseano de trabalhar linguisticamente sua narrativa. Muitas vezes, o autor se vale de recursos típicos do texto poético como as assonâncias e as aliterações; os neologismos (invenção de palavras); os arcaísmos (palavras em desuso); e o regionalismo típico do sertão mineiro. O próprio título do conto é exemplo desse brincar linguístico e, ao longo da leitura, o que parece sem lógica adquirirá sentido pleno.
Em um contexto mais amplo, a terceira geração modernista (ou geração de 45) foi caracterizada por experimentos linguísticos. Enquanto Guimarães Rosa se valeu dos recursos típicos da poesia no texto narrativo (apresentado no parágrafo anterior), a escritora Clarice Lispector se valeu da subversão da narrativa ao colocar o tempo cronológico em segundo plano e promover o tempo psicológico ao primeiro plano. João Cabral de Melo Neto, outro destaque dessa geração, se valeu também do trabalho linguístico da palavra no seu fazer poético resgatando, digamos assim, elementos do Parnasianismo ao Modernismo.
Não as matem (1915), da autoria do jornalista e escritor Pré-Modernista Lima Barreto (1881-1922), gira em torno da figura feminina em um contexto de extremo preconceito de gênero.
Como jornalista, Lima Barreto deixou um legado de resenhas e contos em que o cotidiano carioca da sua época foi abordado. Como escritor, deixou vários romances, entre eles Triste Fim de Policarpo Quaresma. Na obra, a hipocrisia e a meritocracia são denunciadas e a fidelidade sincera ao sistema é punida.
Lima Barreto, como outros escritores do período pré-modernista, inovaram ao trazer problemas reais de um Brasil real para a literatura. Graça Aranha abordou o problema imigratório no romance Canaã; Monteiro Lobato faz críticas ácidas ao atraso agrário brasileiro na coletânea de contos Urupês. Euclides da Cunha denunciou as atrocidades cometidas pelo governo ao longo do conflito de Canudos na obra Os Sertões.
Para refletir:
Fernando Fernandes
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