9 - PAS 3 - Poemas da colonização - Oswald de Andrade

 





 Olá, gente.

Nessa publicação, analisaremos um poema da autoria de Oswald de Andrade (1890 - 1954). Ao lado do escritor Mário de Andrade (1893-1945), da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973) e de outros artistas de diferentes ramos, Oswald foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna, ocorrida nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo. O evento, atualmente, é considerado o marco do Modernismo no Brasil.

Como outros modernistas da primeira geração ou geração de 22, houve o rompimento  com a arte tradicional. Na literatura, houve o  rompimento de um padrão estabelecido pela tradição para o texto poético (rimas, métrica rígida, vocabulário selecionado e temas específicos)  e, em linhas gerais, os poetas da geração de 22 conceberam o texto literário (prosa ou verso) com características literárias tais como:

a)   A busca pela liberdade formal, sem a preocupação com rimas, métrica, formas fixas (soneto). Dessa forma, demonstram rompimento com o academicismo literário;

b)   A livre associação de ideias sem a preocupação com a pontuação ou mesmo com a norma culta. Daí a preferência pelo popular, coloquial. Assim, rompem com a gramática tradicional e com o vocabulário rebuscado;

c)  A leveza nas palavras, a ironia, os poemas-piada, e a paródia (textos a partir de obras literárias consagradas). Dessa maneira, deixam de lado o tom solene até então valorizado;

d)  A valorização da síntese, da linguagem nominal, da linguagem cinematográfica/flashes e da fragmentação se opõem à tradicional discursividade lógica;

e)  O humor como recurso crítico toma o lugar do sentimentalismo romântico e do formalismo parnasiano;

f)    A busca das raízes nacionais na produção textual, às vezes com tom ufanista e/ou crítico, tomam o espaço da valorização das estéticas artísticas estrangeiras.

g) A fragmentação ou flashes cinematográficos como recurso poético, tendo como base o Cubismo nas artes plásticas.


Exemplo de poema modernista da primeira geração, breve explicação e análise.


ERRO DE PORTUGUÊS 
(Oswald de Andrade)

Quando o português
Chegou debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
 

Explicando o poema - O autor revisita o período do descobrimento do Brasil. Nos três primeiros versos, o fato do índio ter sido vestido pelo português metaforiza a suplantação da cultura indígena pela cultura estrangeira. O eu lírico lamenta isso no quarto verso e propõe uma situação inversa, isto é, a cultura indígena ser mais forte do que a cultura estrangeira. Daí a metáfora de o português ter sido despido pelo índio.

 Características literárias:

        Síntese - o poema possui linguagem direta, não se perdendo em divagações.
        Linguagem coloquial - vocabulário acessível, simples e cotidiano.
        Verso livre - não há qualquer tipo de métrica pré-definida.
        Verso branco - não há qualquer intenção em produzir rimas.
        Revisão histórica do passado brasileiro - uma nova abordagem é feita para recontar a história.
        Ironia - depende do ponto de vista, mas percebe-se isso na inversão dos papéis.
        Valorização da paisagem nacional - os indígenas são paisagem brasileira.
        Nacionalismo crítico - se confunde com a revisão histórica do nosso passado.

    A partir do exemplo analisado acima, abra o link abaixo. Lá dentro, há outros 15 poemas da autoria de Oswald de Andrade. 

    Esses poemas fazem parte da coletânea Poemas da colonização (obra do PAS 3/2025).


Poemas da colonização - Oswald de Andrade  - parte integrante do livro Pau-Brasil, publicado pela primeira vez em 1925. A ilustração (uma paisagem bucólica de uma fazenda em há alguns animais, palmeiras, um casarão e duas figuras humanas) que está na primeira página do arquivo é de autoria de Tarsila do Amaral, esposa de Oswald naquele período.

1- A transação
2- Fazenda antiga
3- Negro fugido
4- O recruta
5- Caso
6- O gramático
7- O medroso
8- Cena
9- O capoeira
10- Medo da senhora
11- Levante
12- A roça
13- Azorrague
14- Relicário
15- Senhor feudal

Como sugestão de leitura complementar, há o link da publicação feita em Temporalidades – Revista de História, ISSN 1984-6150, Edição 38, v. 14, n. 2 (Set. 2022/Jan. 2023). 

Na publicação, um arquivo em PDF com 19 páginas, o doutor em História Valdeci da Cunha Silva  procura demonstrar a presença de uma narrativa centrada na representação da violência, da pobreza e das formas de resistência no cotidiano das relações entre os fazendeiros e a vida dos escravizados do Brasil colonial tendo como matéria prima os Poemas da Colonização. 

 
Para refletir, considere:

a) Dentro do que você já estudou sobre literatura nas séries anteriores e os diversos tipos e temas de poemas já apresentados, que tipo de estranhamento é possível perceber? 

b) Considerando os assuntos apresentados nos 15 poemas do link e o exemplo acima (poema A transação)  trazido como explicação, há ou não há uma presença maior da realidade cultural e social brasileira? Justifique.

Boa leitura.
Bom estudo.
Fernando Fernandes

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