11 - PAS 3 - Poema 'Reinvenção' de Cecília Meireles

 



Oi, gente.

Abaixo, mais um poema elencado pela UnB para o PAS 3 / 2025. Seu título é Reinvenção, de autoria de Cecília Meireles (1901-1964). Ela é um destaques da segunda geração modernista ou geração de 30. Sua poesia é fruto da psicologia e da sensibilidade femininas de sua época. 

Tendo perdido seu pai três meses antes do nascimento e sua mãe aos três anos de idade, Cecília foi criada pela sua avó materna. As perdas sofridas durante a sua vida e o magistério como profissão fizeram de Cecília alguém cuja sensibilidade poética é acima da média. Temas como o amor, o tempo, associadas às imagens da natureza (água, ar, mar, vento) contribuem para que a estética simbolista se faça presente.


Reinvenção
Cecília Meireles

A vida só é possível 
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Para dialogar com o poema acima, proponho a leitura de outro poema da mesma autora, cujo título é Aceitação.


Aceitação
Cecília Meireles

É mais fácil pousar o ouvido nas nuvens
e sentir passar as estrelas
do que prendê-lo à terra e alcançar o rumor dos teus passos.

É mais fácil, também, debruçar os olhos no oceano
e assistir, lá no fundo, ao nascimento mudo das formas,
que desejar que apareças, criando com teu simples gesto
o sinal de uma eterna esperança.

Não me interessam mais nem as estrelas, nem as formas do mar,
nem tu.

Desenrolei de dentro do tempo a minha canção:
não tenho inveja às cigarras: também vou morrer de cantar.


Ao longo de Reinvenção, o eu lírico intercala momentos de recriação da vida com momentos relacionados ao real.  Em Aceitação, o eu lírico usa a estrutura sintática do grau comparativo de superioridade  mais ... do que para apresentar o seu ponto de vista sobre o amor.


Para refletir.

a) No primeiro poema, a reinvenção proposta pelo eu lírico foi concretizada? Justifique.

b) No segundo poema, o que é considerado superior na vida do eu lírico é o que realmente é importante para ele? Justifique.

c) Proponha uma intertextualidade entre os dois poemas a partir dos sentimentos expressos pelo eu lírico. O que há de comum, revelados em ambos as produções poéticas? 

Boa leitura.
Bom estudo.
Fernando Fernandes




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