17 - PAS - 3 - Poema 'Tecendo a manhã' de João Cabral de Melo Neto



Oi, gente.

Abaixo, mais um poema elencado pela UnB para o PAS 3/2025. Escrito por João Cabral de Melo Neto (1920-1999), o autor é destaque da terceira geração modernista brasileira ou geração de 45. O poema foi publicado dentro da coletânea A educação pela pedra (1966).

Para o autor, a poesia não é fruto da inspiração, nem do sentimento do poeta, mas de um cuidadoso trabalho de organização textual. Por isso, a objetividade e a razão são ferramentas para tal.
   
No poema, o trabalho em grupo é metaforizado pelos galos que, para a construção de uma manhã, precisam agir em conjunto. A construção desse amanhecer é, ao mesmo tempo, metaforizado pelo tecer uma tenda. Em termos de recursos poéticos, além das metáforas, o uso repetitivo de fonemas /g/ e /t/.


Tecendo a manhã
João Cabral de Melo Neto

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.


Para refletir:

a) Escrito há 60 anos, aproximadamente, a temática é atual? Nossa sociedade ainda necessita desse tipo de conselhos?

b) Em relação a você, seu modo de agir e viver leva em conta a proposta apresentada no poema? 

Boa leitura.
Bom estudo.
Fernando Fernandes

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