25 - Colocação pronominal - uma abordagem
Bom dia, gente.
Nesta publicação, faremos uma abordagem a partir do tópico gramatical relacionado à colocação pronominal. Também faremos uma reflexão sobre o conceito de erro, no campo da gramática.
Para tanto, Para tanto, utilizamos a apostila abaixo em sala sobre o assunto está no link abaixo. Basta clicar e abrir.
Colocação Pronominal - apostila
Abaixo, gostaria de partilhar com vocês algumas considerações sobre o conceito de erro, dentro do campo da gramática normativa.
Considere a situação hipotética em uma audiência que envolva juiz, advogados e as partes envolvidas em um processo todos devem falar, cada um na sua vez. Lá pelas tantas, o magistrado, lê sua sentença da seguinte forma:
". . . o réu deveria agir com menas precipitação nesse caso. Mesmo assim, decido pela sua absolvição. Se cuide. Audiência encerrada."
Há erros que estigmatizam o usuário da língua. No exemplo acima, há duas transgressões à norma culta. Você há de concordar que a primeira ocorrência - menas - é menos aceitável do que a segunda ocorrência - Se cuide - . É como se existissem erros gramaticais mais sérios e menos sérios. No primeiro evento, é mais difícil tolerar que alguém com instrução superior troque o menos por menas. Certamente, seria tolerado esse tipo de transgressão gramatical feita por pessoas com menos instrução acadêmica.
Por outro lado, há erros que são tão naturais que não estigmatizam, discriminam o usuário da língua. Como exemplo, pensemos no caso da próclise em início de enunciados. A preferência pelos brasileiros pelo uso da próclise é tão óbvia que, desde Oswald de Andrade em seu poema Pronominais, abordava esse choque entre o que se usa (as falas do bom negro e do bom branco da nação brasileira) e o que é prescrito pela gramática normativa (a fala do professor, do aluno e do mulato sabido - que tinham acesso ao estudo). No nosso estudo de caso, a oração Se cuide foi iniciada com pronome. A gramática, definitivamente, proíbe que as orações sejam iniciadas com pronome. Dessa forma, o juiz deveria dizer Cuide-se. Porém, essa transgressão é muitíssimo mais tolerada, inclusive, pelas pessoas de maior estudo. É nesse sentido que determinados erros gramaticais não discriminam o falante. É como se existissem categorias de erros gramaticais e categorias de quem comete esses erros. Daí, a flutuação no conceito de erro.
Retornando ao assunto em pauta, a colocação pronominal na nossa língua é bastante controversa. Por mais que o falante opte por determinadas estruturas gramaticais, independente da classe social ou contexto de fala, quando a opção feita se choca com os preceitos da gramática normativa, o erro se faz presente. Sobre o assunto, há muita controvérsia dentro da Linguística. Entretanto, ficaremos só com o que apresentamos aqui e nos prender a erros que estigmatizam e que não estigmatizam o usuário da língua.
Na área da Linguística, há um embate muito interessante entre os que defendem firmemente a tradição gramatical e os que defendem a evolução da língua, como se a gramática tivesse de abandonar sua tradição. Quem sabe, é a sua área de interesse.
Por fim, devemos ter muito cuidado na hora de corrigir os erros gramaticais de alguém. Isso requer muita habilidade, um contexto específico e muito respeito. Caso contrário, estaremos incorrendo em mais um tipo de preconceito, o preconceito linguístico, dentre tantos que precisamos enfrentar e evitar.
No link abaixo, um pequeno texto sobre preconceito linguístico envolvendo um aluno e sua professora. Seu autor é o professor Fidêncio Bogo. Mais abaixo, a transcrição na íntegra do poema Pronominais.
Nóis mudemo - Fidêncio BogoPronominais (Oswald de Andrade)
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
1) Como você lida com assuntos relacionados a preconceito linguístico e o conceito de erro na língua?
2) Você considera importante a padronização da língua? Há vantagens nisso? Há desvantagens nisso?
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